Produção de 1993: Sonho Meu ousa com protagonista astuciosa
23/08/2021 às 12h08
Grande sucesso da Globo no horário das seis da década de 1990, Sonho Meu nunca havia sido reprisada até sua estreia recente no Viva.
A novela de Marcílio Moraes, baseada em A Pequena Órfã e Ídolo de Pano, foi a escolhida para dar continuidade à faixa de novelas das 12h40, que vem se dedicando a produções de apelo infanto-juvenil.
Sonho Meu tem cara de novela para crianças. Da abertura divertida, na voz de Xuxa e José Augusto, às desventuras da doce Laleska (Carolina Pavaneli) e seu cãozinho Toffe, tudo remete ao universo infantil. Entretanto, a trajetória de Cláudia (Patrícia França), a protagonista do enredo, não parece assim tão pueril. Na verdade, ela se destaca justamente por destoar do arquétipo da mocinha inocente.
Cláudia luta para reassumir a guarda da filha Laleska, que vive num lar para crianças. A menina foi retirada da mãe pela tia, por conta da violência doméstica sofrida por Cláudia, que penou nas mãos de Geraldo (José de Abreu), o seu marido. A moça, então, foge do marido violento e faz o que pode para conseguir recuperar Laleska.
E ela tenta de tudo, ao contrário da mocinha que já estamos acostumados, sobretudo as vistas no horário das seis da Globo, Cláudia é esperta e arma para conseguir o que quer.
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Neste momento da reprise no Viva, ela é quem engana o vilão da obra, Jorge (Fábio Assunção). O playboyzinho tem interesse na moça, e ela se aproveita desta situação para tirar vantagem e tenta conseguir uma quantia em dinheiro que salvará Laleska de uma grave doença.
A jovem protagonista enganar o vilão para conseguir dinheiro é uma subversão um tanto quanto inusitada para os padrões tão conservadores de uma novela das seis. Cláudia se mostra fria e calculista quando percebe que o interesse de Jorge pode fazê-la conseguir salvar a vida da filha.
Em compensação, Lucas (Leonardo Vieira), o verdadeiro amor de Cláudia, é um inocente e ainda meio bobo. É um romântico de poucas atitudes, optando sempre por chorar pelos cantos. Trata-se de mais uma subversão de Sonho Meu, que coloca a mocinha no controle da situação, enquanto o mocinho apenas espera pelo seu grande amor. Uma grande ousadia para de novelas nesse horário dos anos 1993.
Vale lembrar que todas atitudes de Cláudia são todas justificadas pelas situações-limite de sua vida. Ela teve uma vida difícil, um casamento cruel e uma filha que lhe foi tirada das mãos, e que, ainda por cima, sofre com grave doença.
Atualmente, ela usa as armas que tem, sem pudores, para conseguir driblar tantas situações. É uma heroína que vai à luta e enrola os vilões. Por isso mesmo, uma personagem muito importante e rara, até mesmo para os dias atuais.
Autor(a):
Thalia Alencar
Tenho 24 anos e sou estudante de Relações Públicas. A paixão pelo mundo da teledramaturgia vem desde criança e meu objetivo é informar com clareza.