Medicamento proibido em outros países é líder de vendas nas farmácias brasileiras; Entenda a polêmica
24/08/2023 às 12h33
Proibido em vários países, o remédio é vendido no Brasil sem a necessidade de prescrição médica e está gerando preocupação
Um medicamento de uso comum e amplamente disponível nas farmácias brasileiras, apesar de ter mais de um século de existência, é considerado proibido em diversas nações.
Esse fármaco é a dipirona, que é comercializada sem necessidade de prescrição médica em solo nacional, mas é vetada em outros lugares.
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Quando enfrentamos aquela dor de cabeça persistente ao longo do dia, muitos recorrem a um comprimido de analgésico para amenizar o incômodo.
Contudo, esse medicamento tão familiar em tais situações é estritamente proibido fora das fronteiras do Brasil.
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O que acontece?
Quando buscamos alívio da dor, o uso de analgésicos é nossa primeira linha de defesa. Existem diversos fármacos com composições similares que podem ser adquiridos sem necessidade de prescrição médica.
Entretanto, há um medicamento proibido em algumas nações, mas amplamente utilizado aqui: a dipirona, um analgésico e antitérmico.
Apenas em 2022, mais de 215 milhões de doses deste medicamento foram vendidas no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No entanto, alguns países proibiram a comercialização dessa substância desde a década de 1970.
Nos Estados Unidos e na União Europeia, por exemplo, o uso do fármaco foi vetado nessa época devido a preocupações sobre efeitos colaterais graves.
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A dipirona, em alguns estudos realizados nesses países, demonstrou causar um efeito chamado agranulocitose, que afeta o sangue e pode ter consequências fatais.
A discussão sobre os riscos da dipirona está embasada em algumas evidências científicas. De acordo com a farmacêutica bioquímica Laura Marise, doutora em Biociências e Biotecnologia, a dipirona pode inibir uma molécula inflamatória chamada COX, que desempenha um papel vital na redução de inflamações, febres e dores.
Essa suspeita ganhou mais força após um estudo realizado em 1964 sobre um composto químico semelhante, a aminopirina, que mostrou um efeito colateral de agranulocitose em um indivíduo a cada 127 consumidores.
Com base nessa semelhança química, a Food and Drug Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, proibiu a venda da dipirona em 1977.
Após essa proibição, outros países seguiram o exemplo, como Austrália, Japão, Reino Unido e partes da União Europeia.
Nova pesquisa sobre a dipirona
Desde a década de 1980, novas pesquisas trouxeram mais informações sobre a segurança da dipirona. O Estudo Boston, realizado em diversos países, revelou uma frequência extremamente baixa de casos de agranulocitose associados ao uso da dipirona, trazendo mais contexto para o debate.
Há, no entanto, uma dúvida persistente sobre o medicamento. Especialistas apontam três fatores para entender essa situação.
Primeiro, a possibilidade de uma mutação genética que facilite a agranulocitose em indivíduos que usam dipirona, o que é mais comum em populações dos Estados Unidos e partes da Europa. Em segundo lugar, altas dosagens do medicamento podem também contribuir para esse efeito adverso.
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No Brasil, estudos realizados por cientistas brasileiros, argentinos e mexicanos analisaram dados de 548 milhões de pessoas entre 2002 e 2005.
Foram identificados 52 casos de agranulocitose, representando uma taxa de 0,38 caso por milhão de habitantes/ano.
Especialistas concordam que a eficácia da dipirona como analgésico e antitérmico é inquestionável, e os riscos são considerados baixos e similares a outros medicamentos disponíveis no mercado.
A Anvisa reforça que, desde sua análise há mais de 20 anos, não foram identificados novos riscos associados à dipirona no Brasil.
Autor(a):
Fernanda Zanardo
Eu sou Fernanda Zanardo, tenho 32 anos e sou bacharel em direito por formação pela FMU. Sempre atenta à tudo ao meu redor, sou Redatora Web por vocação. Encantada pelo mundo esportivo, adoro escrever sobre o assunto, sobretudo de futebol. Amo animais e viajar.